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Por Rafael Andrade Jardim

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Análise: São Paulo de Zubeldía e a ilusão das derrotas “dignas”

Foto: reprodução vídeo
Foto: reprodução vídeo

(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – Perder com “dignidade” parece ter virado especialidade do São Paulo sob o comando de Zubeldía. É aquele velho roteiro: o time não vence, mas dificulta a vida do adversário. O problema é que esse “difícil de vencer” vem com um preço alto — o de raramente conseguir triunfar.

Já comentei outras vezes por que vejo como improvável a chance de o São Paulo levantar algum troféu neste ano, mesmo nas Copas. O estilo do treinador pesa demais. Zubeldía adota a mesma fórmula em praticamente todos os jogos: recuar, abdicar da bola e esperar um lampejo, uma jogada isolada. Seja contra equipes grandes ou pequenas, a estratégia não muda.

Muita gente ainda se apega ao famoso “ah, se não tivesse perdido aquele gol…”, como no caso das partidas contra Botafogo ou Palmeiras. Sim, foram chances claras, mas raras. Enquanto os adversários buscavam o gol durante os 90 minutos, o São Paulo apenas tentava sobreviver — e, se possível, arrancar algo. É um time que joga para não perder, e só se der certo, tenta ganhar.

Contra os grandes, a sensação é de que o time foi “valente”, vendeu caro a derrota. Mas sejamos francos: o São Paulo poderia ter vencido o Palmeiras? Sim. Merecia? Não. O mesmo vale para Botafogo e Atlético-MG. A lógica se repete jogo após jogo diante de adversários minimamente qualificados.

E aí vem o fenômeno do empate. Muitos veem como quase uma vitória. Mas, na prática, são dois pontos deixados pelo caminho. E muitas vezes o empate sequer chega perto de um resultado justo, mas engana — porque o time dificultou para alguém melhor.

O fato é que o São Paulo hoje é uma equipe difícil de ser batida, mas com ainda mais dificuldade de vencer. E quando enfrenta os times pequenos, a irritação do torcedor aparece de novo. Mesmo padrão tático: fecha a casinha, tenta uma bola, e, às vezes, esbarra em uma defesa mais frágil e consegue abrir o placar.

Aí, com o adversário se expondo, até aparecem mais espaços para contra-ataques. Foi o que vimos em alguns momentos da fase de grupos da Libertadores e da Copa do Brasil. Só que vale lembrar: nossos rivais nessas fases iniciais seriam, no Brasil, times de Série B ou C.

Tirando o jogo contra o Alianza Lima fora, que teve um pouco mais de controle, a tônica foi a mesma: esperar, torcer por uma bola e rezar para a defesa segurar. Em quase todos os jogos — ganhando, perdendo ou empatando — os melhores em campo são sempre os zagueiros ou o goleiro.

O São Paulo deve se classificar sem sustos na Libertadores, tem tudo para passar pelo Náutico, e pode até dar sorte nos sorteios da Copa do Brasil. Mas, quando cruzar com um time mais forte, o roteiro deve se repetir: retranca, resistência, e queda “com honra”. E não precisa ser um Flamengo ou um Palmeiras para isso. Basta olhar as dificuldades que o time já enfrenta contra adversários médios no Brasileirão — inclusive jogando no Morumbi.

Os técnicos do Brasileirão já entenderam como Zubeldía joga. E é por isso que, mesmo com elenco mais qualificado que o do ano passado — com laterais melhores, mais opções ofensivas e no meio-campo —, o desempenho piorou. O time foi se encolhendo cada vez mais.

O jogo contra o Palmeiras foi mais um exemplo claro da covardia tática. Zubeldía, inclusive, é o único treinador do São Paulo que ainda não conseguiu vencer Abel Ferreira.

E o jogo de ontem era o prato cheio para o estilo do português: enfrentar um time que não ameaça, que não sobe suas linhas e que vive de chutões. No lance do gol, havia seis jogadores nossos dentro da área e nenhum marcando fora dela. Um grupo preocupado apenas em não tomar o gol, outro esperando um milagre no contra-ataque.

A pergunta que fica é: quando vamos acordar dessa ilusão criada pelas vitórias protocoladas na fase de grupos? Do jeito que está, além de não ganhar nada, o risco é terminar o ano brigando para não cair. E mais: Análise: Luciano no lugar certo e a vitória ‘tímida’ contra o Náutico. Clique AQUI para ver.

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