(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – Vitória, classificação e… preocupação. Essa foi minha sensação ontem à noite. O São Paulo passou pelo Novorizontino, mas não convenceu.
O 1 a 0 foi o suficiente para seguir adiante, mas ficou aquele gosto de que dava para fazer mais, de que esse time precisa entregar mais. O alívio por não ser eliminado se mistura com a realidade de que, jogando assim, o clássico contra o Palmeiras será traumático.
Começando pelo que gostei: Zubeldía acertou ao escalar três zagueiros (já falei que defendo o sistema).
A lógica era simples: segurança atrás e liberdade para alas e volantes se soltarem. Mas futebol não se joga no papel, e, quando a bola rolou, a coisa travou.
O primeiro tempo foi devagar, quase parando. Os alas, que deveriam atacar mais, ficaram tímidos. Enzo Dias e Cédric até foram seguros na defesa, mas o Novorizontino não fez nada no jogo. E, quando o adversário não ameaça, os laterais precisam aparecer na frente. Não foi o caso.
O meio-campo, então, ficou sem dinâmica. Com Pablo Maia machucado, Alisson virou o primeiro volante, e Marco Antônio deveria assumir essa função de sair mais. Deveria. Não saiu. E aí o time ficou sem mais um para ajudar na frente.
Para piorar, Oscar apareceu pela esquerda, Lucas ficou centralizado, e Calleri ficou isolado entre os zagueiros. Ou seja, aquele encaixe tático que parecia ideal no começo foi se desmanchando. O único que ainda tentava era Lucas, nas arrancadas individuais. Mas um só contra onze não tem como.
No segundo tempo, as coisas melhoraram, mas foi mais na base do desespero do que por qualquer ajuste brilhante. Com o risco de eliminação, o time subiu, os alas começaram a jogar, os meias se mexeram um pouco mais. Ainda assim, faltou criatividade. O gol só saiu porque Lucas é diferenciado.
Enzo Dias roubou uma bola de forma polêmica (fácil de marcar falta ali), tocou para Oscar, que achou Lucas disparando por uma avenida no meio. O camisa 7 foi cirúrgico no passe para Calleri, que se posicionou bem e tocou no canto. Belo gol, sem dúvidas. Mas e se a árbitra apitasse a falta de Enzo? O jogo poderia ter sido outro. Para quem costuma criticar a Edina, chegou a hora de elogiar.
O São Paulo ainda teve chances. Alisson perdeu uma no primeiro tempo. No segundo, Ferreirinha foi derrubado na risca da área. Edina Alves deu pênalti, o VAR corrigiu para falta fora e expulsão do zagueiro. Na cobrança, Alisson acertou a trave.
Depois, Ferreirinha fez tudo certo em uma jogada espetacular, mas, na hora de definir, mandou para fora. Aliás, o caso de Ferreirinha é digno de estudo. Como consegue ser tão insinuante, driblar tão bem e, na hora de concluir, errar tanto? É um enigma. Pretendo parar esta semana para falar sobre ele.
O problema maior é que, apesar do resultado positivo, o time ainda não parece pronto para enfrentar desafios mais complicados.
A bola não circula com a velocidade necessária, as jogadas muitas vezes dependem da genialidade de Lucas, e Calleri continua sendo aquele atacante que briga muito, mas recebe poucas bolas em condições reais de finalização. Quando Luciano está em campo, Calleri joga sozinho. E quando Lucas tem de avançar, Oscar não corresponde, Lucas recua e Calleri joga sozinho.
Agora vem o Palmeiras. E a preocupação continua. O rival joga em casa, na grama sintética que conhece como ninguém, e vem mais consistente. Lucas vai ser marcado em campo e na arquibancada por sua campanha contra o gramado sintético.
O São Paulo vai ter que jogar muito mais. Do jeito que está, a vantagem está do outro lado. Mas futebol é futebol, e a gente segue torcendo. Mesmo que desconfiado (leia AQUI).
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