
(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – No domingo (25), um sentimento estranho tomou conta do meu fim de semana: a expectativa pelo clássico entre Flamengo e Palmeiras era maior do que a que tive pelo jogo do meu próprio time, o São Paulo, contra o Mirassol, que terminou em uma decepcionante derrota por 2 a 0, no Morumbi. E não se trata apenas do resultado, mas do abismo de diferença que separa o São Paulo dos clubes protagonistas do país atualmente.
O mais doloroso é perceber que Flamengo e Palmeiras, há pouco mais de uma década, enfrentavam sérias crises financeiras, administrativas e esportivas — assim como o São Paulo vive hoje. A diferença é que, enquanto esses caras reconheceram seus erros, reestruturaram suas gestões e redefiniram seus rumos, nós nos afundamos ainda mais em sua arrogância institucional.
Desde 2017, venho dizendo: é preciso parar, encarar a realidade, recalcular a rota e seguir firme num novo caminho. Mas não. Seguimos reféns de presidentes incompetentes e de uma torcida que muitas vezes serve apenas de massa de manobra para discursos vazios de dirigentes. Fingimos que estamos no páreo, quando na verdade estamos estagnados, celebrando lampejos de grandeza enquanto colecionamos fracassos em campo e nas finanças. É o duelo entre expectativa x realidade, quase sempre vencida, evidentemente, pela segunda.
Veja o caso do Palmeiras. Em 2013, o clube estava rebaixado e com as contas no vermelho. Foi aí que Paulo Nobre assumiu a presidência, apertou os cintos, renegociou dívidas e injetou dinheiro do próprio bolso — cerca de R$ 200 milhões — com juros baixíssimos.
Mas ao contrário do que muitos pensam, ele só voltou a investir após o clube começar a se equilibrar financeiramente e pagar parte do que devia. Ou seja: primeiro veio a austeridade, depois o investimento. Algo impensável no São Paulo, onde qualquer centavo extra seria rapidamente usado para tapar buracos mal geridos e criar outros ainda maiores.
O Flamengo, por sua vez, iniciou sua virada em 2013, quando passou a ser comandado por um grupo de dirigentes que impôs um modelo de gestão profissional e responsável. Foram anos de contenção de gastos, pagamentos de dívidas e investimentos estruturais. O resultado? Hoje o clube carioca colhe os frutos: elenco estrelado, títulos importantes, estádio lotado e um modelo de negócios admirado até na Europa.
Enquanto isso, o São Paulo vive de lampejos e ilusões. Não conseguimos sequer capitalizar títulos como a Copa do Brasil conquistada em 2023, pois seguimos gastando mais do que arrecadamos, contratando sem planejamento e confiando em dirigentes que tratam o clube como feudo pessoal. Hoje, a dívida do SPFC ultrapassa os R$ 700 milhões. As receitas não acompanham as despesas e, mesmo com a renda do Morumbi e os aportes pontuais de venda de jogadores, o clube segue afundando.
A torcida, por sua vez, em boa parte se recusa a encarar a realidade. Prefere se agarrar a glórias passadas, a “tradição” e “camisa pesada”, como se isso bastasse para disputar de igual para igual com quem hoje tem gestão profissional, planejamento e dinheiro em caixa.
E o que resta ao torcedor lúcido? Observar os rivais. Ver o que deu certo para eles e lamentar que, mesmo diante dos mesmos desafios, o São Paulo escolheu o caminho errado. Neste domingo, o jogo que mais me atrai é Flamengo x Palmeiras — dois clubes que entenderam o futebol moderno e assumiram sua reconstrução com coragem. Enquanto isso, no Morumbi, seguimos esperando um milagre que não virá.
Se quisermos voltar a ser protagonistas, o primeiro passo é olhar para o espelho e reconhecer a face da decadência. Só assim, quem sabe, voltaremos a sonhar — não com títulos, mas com dignidade e verdade. E mais: Mais uma derrota, mais um desemprenho ruim e a Lei do ‘ex’. Clique AQUI para ver.
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