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Por Rafael Andrade Jardim

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Técnica, nem tanto; mas vontade faz diferença em um clássico

Foto: reprodução vídeo

(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – Falar do São Paulo depois da vitória de ontem é falar de alma, de entrega e, principalmente, de alívio. A gente sabe o quanto essa primeira vitória no Brasileirão era urgente — e ela veio, enfim, diante do Santos, num clássico que teve de tudo, menos craques em campo.

O SPFC venceu porque jogou com vontade, essa é a verdade. Não foi técnica. Antes do jogo começar, já me chamou a atenção algo curioso — e, sinceramente, preocupante. Olhei pros dois times e não vi nenhum craque em campo. Nenhum. Um São Paulo x Santos sem jogador diferenciado, sem aquele nome pra resolver. Lucas? Lesionado. Neymar? Machucado. Oscar? Machucado. Que fase desses dois times.

A verdade é que os dois clubes estão pagando caro por anos de administrações medíocres, e o reflexo está aí: um clássico pobre tecnicamente, mas disputado, com vitória nossa, pelo menos.

Mesmo com esse cenário, o São Paulo se impôs. E aí entra um nome que, pra mim, precisa ser valorizado: Matheus Alves. Não fez um partidaço, não foi brilhante, mas ocupou espaço, acelerou a transição e fez com que o São Paulo fosse mais ágil da defesa ao ataque. Isso já é muito, considerando o que vínhamos vendo. A presença dele no meio ajuda, e muito, a melhorar o ritmo do time.

O São Paulo criou boas chances, especialmente no primeiro tempo. Teve contra-ataque, teve velocidade, teve intensidade. O Ferreirinha, mesmo em noite abaixo do que pode render, deixou o dele. Mais uma nessa sequência mágica que vem passando.

Já o André Silva… olha, é difícil. Mesmo com o gol marcado, é impressionante a dificuldade que ele tem pra dominar uma bola ou acertar um passe simples. Mas é o que temos. E  funcionou.

O gol do Santos veio num pênalti que, pra mim, foi bem marcado. Enzo foi imprudente, subiu com o braço aberto, e a bola bateu primeiro na cabeça do jogador do Santos e depois no braço dele. Não tem como reclamar. A arbitragem do Wilton é fraca, sim, mas nesse lance ele acertou.

O que mais me marcou foi o fim do primeiro tempo. O time inteiro do São Paulo se reuniu no meio-campo, se abraçou, e deu pra ver que a conversa ali foi séria. A expressão era outra. Parecia que eles estavam se cobrando pra não repetir os apagões contra o Cruzeiro, o Botafogo ou o Alianza Lima, etc, etc, etc. E isso deu confiança pro segundo tempo.

Zubeldía, pra minha surpresa, não voltou com um ônibus na defesa. Manteve o time, e o São Paulo continuou tentando jogar, mesmo sentindo o cansaço. O segundo tempo foi mais difícil, claro. O Santos só chegou com perigo em erros nossos. A melhor chance deles veio numa bola na área em que o Rafael fez uma defesa espetacular. Goleiro de time grande garante resultado. E ontem, o Rafael garantiu.

Dava pra ver nitidamente o cansaço. Ferreirinha cansado em campo. Enzo e o próprio Cedric também, e o Zubeldía demorou demais pra mexer. Isso preocupa, ainda mais com Libertadores na semana. Mas ontem o time segurou. Porque teve entrega, teve alma.

Era fundamental vencer. A gente começou o jogo na zona de rebaixamento. Se não ganhasse ontem, a pressão só aumentaria, tanto em cima dos jogadores quanto do treinador. Agora, com a vitória, o São Paulo ganha fôlego. Ganha confiança. Não dá pra achar que tá tudo lindo, porque não está. O elenco é limitado, o técnico é fraco e não tem um cara pra decidir. Mas quando esses caras jogam com vontade, quando se doam como se doaram ontem, as coisas podem acontecer.

O nível do futebol brasileiro é tão baixo que, mesmo com todos os nossos problemas, o elenco do São Paulo não é pior do que o do Juventude, do Vasco, do Criciúma, do Atlético-GO. Dá pra fazer mais. Mas só se tiver dedicação.

Terminei o jogo com a sensação de alívio. Comemorando, claro, mas consciente de que esse é o caminho: raça, alma e 110% de cada um. Não tem atalho. Se jogar como jogou no primeiro tempo, dá pra competir. Se entrar mole, como em outros jogos, vai sofrer.

Agora é olhar pra frente, recuperar os caras e encarar a Libertadores. Porque o desafio vai ser ainda maior. E mais: Mais um empate e a certeza de que o problema está no banco de reservas. Clique AQUI para ver.

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