
(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – A temporada do São Paulo, mais uma vez, se desenha como uma história que todos nós já conhecemos muito bem. Não é de hoje que o clube vive esse eterno vai-e-vem de expectativas frustradas, momentos de esperança seguidos de frustrações, e o pior: uma sensação de que nada realmente muda.
A recente eliminação no Campeonato Paulista e a pausa para o Campeonato Brasileiro são mais um reflexo disso. Estamos agora em um intervalo de quase 20 dias, um período onde o time só existe no noticiário, nas especulações sobre contratações e, claro, nas conversas sobre os rumos do técnico.
Falar de São Paulo é falar de altos e baixos, mas, em muitos casos, o que se repete são os erros. E o maior erro talvez seja esse: sempre começar o ano com esperança, sem perceber que o problema é estrutural. O técnico, o treinador, sempre se torna o centro das atenções, como se fosse ele a chave de tudo. E aqui entramos no dilema atual: o prazo de validade de Zubeldia.
A eliminação precoce no Paulistão já começou a acender a luz amarela para os dirigentes. Zubeldia tem o que é preciso para conduzir o São Paulo até o final da temporada?
A resposta, com sinceridade, é que o time não apresentou, até agora, nenhum indício de que vai ser capaz de fazer algo grandioso. Não se trata de torcer contra, mas, como bom observador, é impossível ignorar os sinais. E a verdade é que, se não houver uma mudança significativa, o técnico não deve durar muito mais que os primeiros jogos do Campeonato Brasileiro.
Na minha opinião, caso Zubeldia não entregue um futebol mais convincente nos cinco primeiros jogos, acredito que sua saída será inevitável. No São Paulo, esse ciclo já é conhecido: começa com promessas, alguns reforços, uma empolgaçãozinha até a demissão. Se Zubeldia não entregar bons resultados logo, a casa começa a cair. E assim, o clube já se prepara para mais uma troca, mais uma tentativa de recomeço.
O problema é que, mesmo quando o treinador é demitido, o processo de troca nunca resolve os problemas que o São Paulo enfrenta.
Se Zubeldia cair, e isso parece cada vez mais provável, quem seria o novo comandante? Fernando Diniz? Tite? São opções neste mercado ‘desaquecido’ do futebol brasileiro.
De toda forma, a temporada vai ficando para trás. Por que mais uma vez o clube se verá envolto em um processo de adaptação de elenco, trocas de comando e um futebol sem consistência.
Os resultados podem até aparecer, mas o que está em jogo é o título. E, sinceramente, o título do Campeonato Brasileiro, por exemplo, parece estar cada vez mais distante.
Explico: não basta dar tempo ao técnico; é preciso uma revolução na forma como o time joga, na mentalidade dos jogadores e na visão da própria diretoria. E isso demanda tempo, o que já não temos este ano. E se a futura nova escolha não for assertiva, ano que vem estarei aqui falando disso novamente.
Mas enquanto Zubeldia é o treinador, o que se vê atualmente é um time que sobrevive de lampejos de jogadores como Calleri, Luciano e, quando aparece, Lucas. Mas e o restante do time? Onde está a consistência e a evolução que tanto precisamos?
E não é só dentro de campo que o São Paulo padece. A gestão financeira do clube também é uma preocupação. O São Paulo paga R$ 80 milhões por ano só em juros da dívida, o que é um reflexo claro de uma gestão que não soube aproveitar o período sem títulos para dar uma guinada nas finanças.
Enquanto os rivais como Palmeiras e Flamengo colhem frutos de boas gestões, o São Paulo ainda luta para encontrar o equilíbrio necessário para se manter competitivo. E a sensação é de que, sem títulos, a fila não vai diminuir tão cedo. A Copa do Brasil, nossa última alegria significativa, é celebrada até hoje como uma das raras conquistas em uma década de vacas magras.
Não posso deixar de mencionar a frustração de ver um time que não consegue encontrar a estabilidade necessária para fazer jus à sua grandeza. A cada ano, parece que o São Paulo se afasta um pouco mais do que ele realmente poderia ser.
A falta de um treinador que consiga dar um padrão de jogo consistente, a ausência de contratações que realmente agreguem ao time e a gestão que não consegue equilibrar as finanças do clube são fatores que nos deixam sempre na mesma posição.
Neste ponto, a história parece repetitiva. Vamos iniciar mais um Campeonato Brasileiro com aquele sentimento de que talvez, só talvez, algo aconteça de diferente. Mas o mais provável é que a ressaca pós-Paulista se estenda por mais um semestre, com trocas de treinador, uma busca incessante por uma fórmula mágica e, no fim das contas, mais uma temporada sem grandes conquistas.
Como torcedor, não posso deixar de me perguntar até quando vamos continuar nesse ciclo. São Paulo precisa encontrar um caminho. Não só dentro de campo, mas fora dele também. Precisa evoluir, se adaptar e entender que o tempo está passando. Os rivais não esperam, e o clube parece estar sempre um passo atrás.
Porém, apesar de todas as incertezas e dificuldades, a esperança permanece. Ela nunca vai embora. Mesmo sabendo que as chances de título este ano são pequenas, sigo acreditando que o São Paulo pode, sim, voltar a ser grande. O desafio é encontrar o caminho, o equilíbrio e a consistência que tanto nos faltam.
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