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Natural ou sintético: eu prefiro o ‘Morumbi Raiz’

(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – A recente manifestação de Neymar contra os gramados sintéticos reacendeu um debate que há tempos preocupa jogadores e torcedores. O manifesto, compartilhado pelo atacante e por outros grandes nomes do futebol como Gabigol, Thiago Silva e Philippe Coutinho, trouxe uma mensagem clara: “Futebol é natural, não sintético.” Mais do que uma frase de efeito, o movimento alerta para os riscos e as dificuldades que os gramados artificiais impõem aos atletas.

E quando o assunto é gramado, o São Paulo Futebol Clube pode bater no peito e dizer: o Morumbi é resistência, é tradição, é futebol raiz. Em um cenário onde cada vez mais estádios aderem às superfícies sintéticas, o Tricolor mantém viva a essência do jogo, preservando um campo de grama natural impecável, com drenagem eficiente e cuidado quase artesanal.

O Morumbi é muito mais que um estádio. É um templo do futebol, um dos poucos que sobreviveram às transformações do tempo. Desde a sua inauguração, em 1960, o gramado sempre foi tratado com o respeito que merece. Telê Santana, um dos maiores treinadores da história do futebol brasileiro, tinha verdadeira obsessão pelo gramado do Morumbi. Para ele, a qualidade do campo influenciava diretamente o desempenho do time, e não à toa, cobrava perfeição na manutenção.

Telê sabia que um gramado bem tratado fazia a bola rolar macia, permitia dribles certeiros e favorecia um futebol ofensivo e envolvente. Esse zelo virou tradição, um código silencioso que permeia a mente de todo são-paulino. A cada partida, a torcida sabe que está assistindo ao futebol da forma como ele foi concebido para ser jogado: em um campo natural, vibrante e verdadeiro.

Enquanto o São Paulo honra a tradição, alguns estádios brasileiros optaram pelo caminho contrário. O Allianz Parque, do Palmeiras, e a Arena da Baixada, do Athletico-PR, adotaram gramados sintéticos, decisão que divide opiniões e gera críticas cada vez mais frequentes. O manifesto de Neymar trouxe à tona uma preocupação recorrente entre os jogadores: a maior incidência de lesões em superfícies artificiais.

O São Paulo, infelizmente, tem sentido isso na pele. Em partidas disputadas no Allianz Parque, jogadores importantes do elenco tricolor já sofreram graves lesões. Lucas Moura, Galoppo, Ferraresi e Ferreirinha são alguns dos exemplos mais recentes de atletas que se machucaram atuando no campo sintético do rival.

Além das lesões, os jogadores reclamam da dinâmica do jogo. A bola corre diferente, o impacto nos músculos e articulações é mais agressivo e, muitas vezes, o próprio espetáculo perde em qualidade. O gramado sintético altera a natureza do futebol, tornando-o mais previsível e menos técnico.

O São Paulo pode se orgulhar do que tem. O gramado do Morumbi não apenas resiste à modernização artificial como continua a ser um dos melhores do Brasil. A drenagem do estádio é impecável, garantindo jogabilidade mesmo sob fortes chuvas. Enquanto outros campos ficam encharcados e impraticáveis, o Morumbi mantém sua excelência, permitindo que o jogo flua sem prejuízos.

Mas, mais do que isso, o Morumbi representa um estilo de futebol que está se tornando raro. Um futebol onde o gramado é natural, onde a bola rola de maneira genuína, onde a essência do esporte é respeitada. No Morumbi, os jogadores não precisam se preocupar com o impacto artificial de um campo sintético. Ali, jogam futebol de verdade.

O manifesto de Neymar escancarou uma realidade incômoda: o futebol brasileiro não pode abandonar suas raízes. O São Paulo segue sendo um dos últimos bastiões dessa tradição. E o torcedor tricolor, apaixonado e exigente, sabe que o Morumbi não é apenas um estádio.

É um legado. É história. É a casa do futebol como ele deve ser jogado.