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Por Rafael Andrade Jardim

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São-paulino: é hora de pensar ‘fora das quatro linhas’

(Por Rafael Andrade Jardim – Editor ‘Mundo SPFC’) – Enquanto a gente tenta digerir mais uma ‘noite (frustrante) de Libertadores’, com aquele velho receio de sempre, existe um fantasma muito mais assustador rondando o Morumbi do que qualquer revés dentro de campo.

E não, não são dois gols tomados no segundo tempo, nem a dúvida se 2024 será ou não o tão sonhado ano do tetra. É o que vem de fora das quatro linhas, onde o prejuízo não é simbólico: é literal. E gigantesco.

Li, com bastante atenção e preocupação, a informação de que o São Paulo vive maior crise financeira da história com dívida perto de R$ 1 bilhão. Repito: um bilhão. É de cair pra trás. Pra quem ama o São Paulo como eu (sei que você também), não só pelos títulos, mas pelo que o clube representa, isso é um soco no estômago. A pergunta que me faço é: que São Paulo vamos deixar para os nossos filhos e netos?

A gestão Casares, que lá no início se comprometeu a equilibrar as contas, vai entregando justamente o contrário: um rombo ainda maior. E olha que no meio do caminho teve título da Copa do Brasil, quebra de fila, boas campanhas… mas na parte financeira? Um desastre. Um desastre silencioso, que não faz barulho como gol no Morumbi, mas que vai corroendo o clube por dentro.

De acordo com os números do próprio balanço, o São Paulo fechou o ano passado com um prejuízo de R$ 289 milhões. A dívida total já beira os R$ 969 milhões. Nunca na história do clube se chegou a um abismo desses. E a pergunta que eu faço a mim mesmo é: em troca de quê? Que reforço de peso chegou? Que CT foi modernizado? Que reforma o Morumbi recebeu? Qual o legado que esse rombo deixou?

O buraco é mais fundo ainda. No acumulado da gestão Casares, são R$ 429 milhões de déficit. Um trabalho que, sinceramente, não dá para chamar de outra coisa que não má gestão. Não por má fé, mas por falta de prioridade, de planejamento, de rumo. Com exceção de 2022, quando houve um respiro com superávit de R$ 37 milhões, o resto foi só vermelho. E crescente.

O mais assustador? Mesmo com boa receita — estádio cheio, patrocínio, boas cotas de TV — o clube segue se afundando. Não estamos falando de um clube sem apelo ou estrutura. O São Paulo ainda é gigante. Mas queima dinheiro como se fosse pequeno. Somente no ano passado, foram R$ 90 milhões pagos só em juros de dívida bancária. Isso mesmo: noventa milhões. Dinheiro que poderia ir para reforço, estrutura, base… mas que foi para manter a dívida do mesmo tamanho. E ela segue crescendo.

A cereja do bolo vem agora. Para “tentar” resolver o problema — que a própria gestão criou — o clube tenta captar recursos via FIDIC (R$ 135 milhões até agora) e aposta numa parceria com Evangelos Marinakis, que promete injetar até R$ 600 milhões na base.

Com todo respeito, mas… como é que um clube quebrado vai receber essa fortuna e usar tudo na base, enquanto paga juros de dívida com o dinheiro que não tem? Isso não soa estranho pra você? Pra mim, parece no mínimo contraditório.

Se o plano é virar SAF, então que se diga claramente. Que se comunique à torcida. Porque o que não dá é para gente ficar vendo o clube sangrar sem saber o que vem pela frente. O torcedor merece clareza. A gente merece um futuro.

Fica o alerta para você. É hora de olhar também o que acontece fora das 4 linhas.

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